sexta-feira, 14 de dezembro de 2018

Há 72 Anos: Revoada dos Urubus

por Caíque Lacerda

Revoada, o voo da ave que volta ao local de onde partira. Foi exatamente o que aconteceu em 1946, em jogo pela penúltima rodada do Campeonato Carioca, disputado em São Januário. O time da Gávea, após descontentamento de seu presidente com a expulsão de dois rubro-negros, abandonou a partida contra o Glorioso aos 12 minutos da segunda etapa e retornou à Gávea com uma derrota de apenas 2 x 1 na bagagem.

(A Manhã, 15/12/1946)

A PARTIDA

Pela penúltima rodada do supercampeonato de 1946, Botafogo e Flamengo se enfrentaram no estádio do Vasco às 16 horas de um sábado escaldante de 14 de dezembro. Os flamenguistas não tinham mais chances de alcançar o líder Fluminense, mas os alvinegros estavam vivos na briga pelo título, com apenas um ponto a menos, e necessitavam da vitória para chegar à última rodada ainda com chances.

O primeiro tempo começou levemente favorável ao Flamengo, com o Botafogo somente desperdiçando uma oportunidade com Isaltino, após jogada de Heleno. Aos 14 minutos de jogo, Pirillo apanha a bola na defesa, carrega até o meio-campo, passando por Negrinhão, e estica para Adílson, em posição duvidosa, abrir o placar para o time da Gávea.

Após o gol, o Flamengo se anima com o tento e começa a ter mais volume de jogo. Jaime, em chute de fora da área, e Vevé, em chance clara após cruzamento de Perácio, desperdiçam duas oportunidades para ampliar o marcador.

O Botafogo começa a se restabelecer na partida, quando Braguinha procura Heleno na área e, após cabeçada espetacular do craque alvinegro, o arqueiro do Flamengo consegue fazer a defesa. Minutos depois, Negrinhão faz belo passe para Braguinha e o deixa sozinho de cara para o gol. Para desespero de seus companheiros, Braguinha atira sem direção, por cima da meta.


Aos 30 da primeira etapa, Belacosa lança a bola na área rubro-negra, o defensor flamenguista Biguá tenta cortar, mas a bola bate em Geninho e sobra livre para Heleno marcar com um violento chute no canto de Luiz.

Ambas as equipes voltam a desperdiçar chances, Perácio não aproveita para o lado flamenguista e Braguinha perde mais uma oportunidade clara, levando Heleno à sua habitual irritação. A primeira etapa acaba com equilíbrio no placar.

(Imagem: O Globo Sportivo)

Saída do Botafogo no segundo tempo, mas quem tem a primeira chance é o Flamengo, em jogada de Tião e Adílson, que Belacosa consegue salvar. Heleno sofre falta de Quirino, mas cobra em cima da barreira.

O Botafogo é o dono da partida. Tovar aplica uma série de dribles no capitão rubro-negro Jaime. Logo em seguida, Heleno acerta a trave em um de seus belos chutes.

Aos 8 minutos, um arremesso lateral de Braguinha encontra Heleno na linha de fundo. O centroavante botafoguense passa por Quirino, Bria e, quando Newton se aproximava, Heleno acerta um chute sensacional, sem chances para Luiz. 2 x 1 para o Botafogo.

A REVOADA DOS URUBUS

Apenas 4 minutos depois do gol, Pirillo recebe passe de Perácio e sofre falta do alvinegro Gérson. Mário Vianna, árbitro da partida, assinala o foul. Pirillo não se contenta com a marcação da falta e reclama com o juiz estar recebendo pontapés de Gérson. Mário chama o capitão Jaime para intervir, mas Pirillo continua elevando o tom e alega que Jaime nada tem a ver com a situação. Mário Vianna então expulsa Pirillo, dando início à confusão que culminou na expulsão do também rubro-negro Perácio.

Hílton Santos, presidente do CRF, invade o campo tentando demover Mário da decisão de expulsar seus atletas, sendo vaiado pela torcida. Não conseguindo convencer a arbitragem, Hílton vergonhosamente ordena que seus atletas deixem a partida.

(Imagem: O Globo Sportivo)

A revoada dos urubus foi duramente criticada nos dias seguintes pela imprensa, que lembrou a atitude igualmente lastimável de sentar em campo nos 5 x 2 de 1944, conhecido como ‘Jogo do Senta’.

(O Globo Sportivo)


[Fontes: A Manhã, Diário Carioca e Jornal dos Sports.]

2 comentários:

  1. Então quer dizer que além do Jogo do Senta, o flavento abandonou outro jogo contra o Botafogo em 1946? Essa eu não sabia. E ainda chamam os outros de chorões...kkkk

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    1. Pois é, Renata.
      O choro deles já tem bastante tempo...

      Saudações Botafoguenses Campeãs!

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